Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
domingo, 8 de maio de 2011
A luta pela inocência
Crescer sem amargar é uma batalha pela inocência. Rodear a madrepérola do potencial para sonhar de toneladas de detritos provenientes da constante desilusão que é crescer e amadurar. Tentar que esta concha seja virtualmente impenetrável, mas com uma permanente e devidamente escondida, forma de respirar. Exercício dantesco. Há uma imagem deliciosa de Sísifo empurrando a pedra monte acima. Será inglório, será obsoleto e inútil? Talvez... Mas eu prefiro imaginar-me Sisifo empurrando o meu coração que nem cristal pela montanha. Obsoleto, sim. Mas gloriosa sobrevivência da esperança, do sonho, da capacidade de crer, não obstante provas irrefutáveis da maldade do mundo. Não obstante este ruído de fundo que é a angústia do mundo.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
A fórmula divinamente humana
Descrevo o caminho de perfeição: levantar-me com o firme propósito de amar tudo e todos, sufocar ressentimentos e pequenezes com este amor. Orientar a acção num trabalho diligente, em todos os planos. Encaminhar os naturais anseios, desejos e sonhos com a esperança: esperar e perseverar. Por fim, responder às incompreensões, invejas e humilhações com o perdão, de mim para os outros e de mim para mim.
Verdadeiro, mas envolto de camadas e camadas de humanismo imperfeito. Imperfeitos somos, mas perfeitos na génese. Tendemos para o início, num movimento circular, em que se progride numa linha de retrocesso. Esta é a minha verdade, que prefiro à felicidade. Como dizia Caeiro, "e é difícil explicar a alguém o quanto isso me alegra, e o quanto isso me basta".
Verdadeiro, mas envolto de camadas e camadas de humanismo imperfeito. Imperfeitos somos, mas perfeitos na génese. Tendemos para o início, num movimento circular, em que se progride numa linha de retrocesso. Esta é a minha verdade, que prefiro à felicidade. Como dizia Caeiro, "e é difícil explicar a alguém o quanto isso me alegra, e o quanto isso me basta".
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