Gastámos as palavras, meu amor
À conta de as querermos meter cá dentro,
Dentro de tudo o que se sente, à medida de
Uma criança crescida que, à força, se tenta enfiar nuns pequenos sapatos.
Gastámos os passos em vielas escuras
À conta das arestas por limar, dos vértices por vencer
Das esquinas afiadas, do erro e da desilusão e de
Tudo o que são pequenas pedras e leves poeiras.
Esquecemos que há coisas
Demasiado grandes para serem ditas
Demasiado profundas para serem alcançadas.
Lembramos da verdade do que está dentro,
Daquilo que não se pode ver e se sente
Daquilo que não se pode dizer e se ouve.
E calamos, bem fundo, felizes por sermos um para o outro,
Sem corpo, sem consciência, sem palavras.
Apenas com o sentir.
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