Já vi todos os paradoxos, os contrários, os impossíveis e os inesquecíveis da vida.
Dias de Sol transformarem-se em violentas tempestades.
Da mais pequena semente à mais frondosa árvore em apenas alguns dias.
Solos infecundos e rochosos e uma delicada flor azul, que se expõe em assombro.
Crimes hediondos e criminosos inocentados. Lobos em cordeiros.
Perdão em vez de vingança.
Amores eternos e não correspondidos, que subsistem estéreis à intempérie do tempo.
Velhos e rugosos com a força da juventude, jovens que cedo são velhos e carcomidos, encolhidos sob mantos de tristeza e de inércia.
Um país de paraísos que se afunda na abundância.
Doença que ceifa na juventude e um amor constante que se derrama na dor e a suporta.
Já vi tudo isto e, no entanto, ainda não tinha vivido esta força transformadora, que vira o mundo ao contrário. Ainda não tinha experimentado a vontade que atropela o corpo. A vontade que não tem sombra nem fantasmas.
Acreditar nisto é bálsamo para os fracos e é lição para os fortes.
Por isso, quando tudo se tornar negro ou cinzento, quando o centro de dor explodir numa luz cega e branca, quando a incerteza for a matéria que constrói os dias, finca os teus pés no chão, sente o solo primitivo e eterno, fecha os olhos e deixa que nasça em ti a força da vontade, que ela te preencha lentamente, cada cavidade, cada estrada de sangue e de suor, que se derrame em cada poro, que se solte em cada sopro de vida, em cada batimento cardíaco e, aí, dá um passo, e depois outro e outro e outro...
E assim se caminha, se vive e não se deixa morrer.
É passo a passo que se faz o caminho, mesmo que os membros pareçam recusar-se a continuar, há uma imensa força interior para além do limite que conhecemos... Resistir e não desistir :)
ResponderEliminarA imagem está espetacular para o texto que escreveste!
ResponderEliminarBeijinhos