Quando é importunada com perguntas, a recordação assemelha-se a uma cebola, que quer ser descascada, para que possa vir à luz aquilo que é legível, letra a letra: raramente de forma unívoca, muitas vezes como escrita em espelho. A cebola tem muitas camadas. Mal é descascada, renova-se. Cortada, provoca lágrimas. Só ao descascá-la fala verdade. O que aconteceu antes e depois do fim da minha infância, bate à porta com factos e decorreu pior do que o desejado, quer ser contado às vezes assim, outras de maneira diferente e desencaminha para histórias de mentira.
Gunter Grass utilizou a melhor alegoria do mundo para descrever o labirinto interior do ser pensante. Apesar desta estrutura labiríntica e inescrutável, é possível àquele que vive só há demasiado tempo e que aprendeu a usar essa solidão como conhecimento privilegiado, ter uma rocha dura em si mesmo, intangível como o núcleo da Terra. A este ser intensamente consciente, ocorre-lhe por vezes a forte sensação de que é ele que olha o mundo, de dentro de si mas, de repente, este ser sabe que conseguiu o impossível e que saiu de si e olha o mundo, com a intensa consciência de que só ele está aqui e agora, só ele olha o Universo com o olho do próprio universo. Penso que é a consciência alargada de si. Isto é tão brutalmente assombroso, que se exerce o movimento contrário, como uma sacudidela de ombros, e se procura esquecer que se assistiu (ainda que por breves instantes), de camarote, ao desenrolar da Vida.
Gunter Grass utilizou a melhor alegoria do mundo para descrever o labirinto interior do ser pensante. Apesar desta estrutura labiríntica e inescrutável, é possível àquele que vive só há demasiado tempo e que aprendeu a usar essa solidão como conhecimento privilegiado, ter uma rocha dura em si mesmo, intangível como o núcleo da Terra. A este ser intensamente consciente, ocorre-lhe por vezes a forte sensação de que é ele que olha o mundo, de dentro de si mas, de repente, este ser sabe que conseguiu o impossível e que saiu de si e olha o mundo, com a intensa consciência de que só ele está aqui e agora, só ele olha o Universo com o olho do próprio universo. Penso que é a consciência alargada de si. Isto é tão brutalmente assombroso, que se exerce o movimento contrário, como uma sacudidela de ombros, e se procura esquecer que se assistiu (ainda que por breves instantes), de camarote, ao desenrolar da Vida.
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