domingo, 10 de abril de 2011

A mais dura escola humana

Estar doente é perder o controlo. É perder a maestria sobre algo que sentimos nosso e só nosso, no domínio da propriedade e do proprietário. Sempre me pareceu pouco compreensível que alguns gostem de estar doentes, tirando daí benefícios e até prazer...
A doença anula a vontade, porque impõe um ritmo muito proprio e muito seu que, integrando variáveis tão complexas, tem um comportamento difícil de prever e de manipular. A doença é uma prisão para a mente, deixa o ser manietado, amordaçado e dependente. Nada é tão avassalador para o Homem.
A doença é a mais dura escola humana, onde a aprendizagem é sofrida e sofrível, sempre por defeito, tendo em conta o que se perde e o tesouro que se pode recuperar...
É lamentável que para a maioria de nós, após o episódio de enfermidade, se imponha o lento esquecimento, o retorno à rotina que desvaloriza o que poderíamos ter aprendido.

3 comentários:

  1. Há quem goste de estar doente?
    Tenha até prazer nisso?
    Se não for fingimento, se for doença real, além da mesma, qualquer que ela seja, a pessoa em causa também não estará doente mentalmente?
    Se podemos aprender algo com a doença? Sim.
    Mas como em tudo no resto,um olhar "para dentro", não faz parte da natureza da maioria.
    O esquecimento que muitos se propõe, não será mais que uma tentativa de defesa, para si e de si mesmo, e também para os outros.
    E de qualquer maneira, como sabemos, a maioria apenas existe.
    A maioria não reflecte sobre a saúde, a água, a electricidade, a vida, sobre nada...eventualmente quando elas faltam.
    A maioria apenas existe...

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  2. Acredite, conheço tantos que gostam de estar doentes, mas poucos o admitem, nem sequer para si próprios.
    Não sei de gosta de ler, se gostar, sugiro-lhe uma passagem do livro Lituma nos Andes de Mario Vargas Llosa, em que ele, de forma magistral, descreve este estado de alma que falamos, esta multidão de mortos vivos que respira neste mundo. Não sei a página, mas tenho memorizadas estas palavras para sempre...começa assim: "a música ajuda a entender as verdades amargas" e o excerto termina deste modo "Esse não vive; é decadência e está vivo-morto."
    Espero ter-lhe aguçado a curiosidade.

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  3. Aguçou sim! Já vi que há na fnac e vou ver se adquiro este título! Obrigado

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