Ouço este solo de piano e a música entra devagar, como a tristeza, no meu coração. Há algo de belo nas coisas tristes e melancólicas. Algo de comovente, frágil mas forte. É como uma corda retesada numa guitarra, agitando-se na vibração de um toque, ou como a corda esticada na qual se equilibra o artista. Há algo de belo naquele abandono aos elementos, algo que recorda um rosto levemente inclinado à janela, com um cortina que se balança no cabelo com o vento, com a luz que se derrama na face. Há música e beleza neste momentos. Os sons calam dentro de nós, e é um sentimento de regresso a casa, como quando éramos crianças e não havia futuro. Assim recordamos a nossas lembranças mais felizes. Algo que pensávamos estar esquecido. Uma imagem, uma chegada, uma partida, uma fotografia, um banho de mar. Algo puro e luminoso. Porque recordar por vezes nos deixa tão tristes? E porque a tristeza pode nos fazer sentir tão vivos?
Eu escrevo bem quando estou triste. Também sou mais cândida no meu trato com os outros, com as coisas frágeis. Tenho mais saudades quando estou triste, e é mais fácil recordar. O que falta, para estar feliz quando estou triste? Ah, fazer os outros felizes, acho que é isso...
Que texto melancólico e triste. Como dizias à sempre algo de catártico no sofrimento.
ResponderEliminarAgora ouvir a música ao mesmo tempo que leio, não me fez nada bem,porque o videoclip desconcentrou-me, é totalmente disparatado para mim... desculpa a franqueza. O piano é bonito, sem videoclip...
Beijinhos Ari e vira a página
Este é um exemplo de como as palavras, a música e a imagem podem cohabitar em plena harmonia. A música triste abraça e consola o coração triste e cansado equanto as imagens nos tranquilizam e preenchem os sentidos. Posto isto nasce uma simbiose que nos leva a perceber que a tua tristeza é bela e produtiva. É uma tristeza que nasce do conhecimento adquirido ao longo de anos. E o conhecimento traz dor. Essa dor é o alimento de uma tristeza que torna as tuas palavras combustíveis de quem fala a tua linguagem. As palavras e o som em simultâneo. As imagens aqui e ali enquanto se medita no parágrafo anterior. Contigo aprendi uma grande lição, estar triste é um estado de alma, o que se faz com ela é que nos torna no que somos.
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