terça-feira, 2 de abril de 2013

Amor: a inevitabilidade cósmica.

Saibam que, desde que eram pó
Das estrelas, viajando à velocidade da luz
De esferas de ventre quente, de buracos
Negros, sem som de anjos, com fulgor virgem
Da vida a começar, já eram amados.

Saibam que, desde que a vida é matéria
Em vós, no nosso corpo, o amor já
Se inscreveu, desde sempre,
Para sempre, para além e
Aquém da vontade própria,
Ou alheia. Somos amados e,
Nascendo já em débito, somos
Sedentos de amar e deste amor.

Um amor que não é paixão.
É constância, como o tempo
A dor, a morte e a sorte.
É o amor sereno, é a paz
De se querer o bem e de se desejar,
Sem urgência, o bem.

Um amor que é liberdade,
Um ser livre que escolhe
e se aprisiona, porque assim é
a perfeição de todas as coisas.

Saibam que são amados, mesmo que
não se sintam merecedores. Porque
a criatura é aparelho divino para
Amar. E ser amado, desde sempre.

Crer nisto é difícil.
É crer que também as mariposas
Mesmo no escuro, tontas de sede
E de luz, feias e despidas, são
Dignas deste Amor.


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