Meti-me nos teus sapatos, num esforço sobre-humano para afastar o meu individualismo. Despi-me de mim, dos meus sapatos gastos e com remendos, mas fortes sobre a terra que calcam, enraizados como a mais velha das árvores, na sua vontade férrea em sobreviver. Expus os meus pés dentro dos teus sapatos, com dificuldade, porque não conhecem as suas reentrâncias, os sítios especiais cheios de calos da vida e de outros precalços. Meti-me adentro de ti sem medo, porque preciso de sentir como tu sentes, pisar como tu pisas as coisas, como galgas os obstáculos e te desvias das poças de chuva. Preciso de caminhar sobre aquele rasto que percorres todos os dias, com o peso das tormentas que se abatem sobre ti. Preciso de conhecer como lutas contra o vento desviante, como manténs a direção inexorável para o horizonte que persegues.
Hoje, caminhamos juntos, eu em ti, tu em mim. E iremos aprender juntos.
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