sábado, 1 de março de 2014

Sacudir o pó dos dias

A poeira dos dias desce devagarinho, como uma segunda pele que se cola a nós, húmida e pegajosa, com um suor indesejável que tarda a respirar.
Sacode-se os ombros, para fazer ressurgir o entusiasmo, há muito soterrado sob camadas de horas e minutos de infinitésimos segundos, pequenas viagens para os lugares de sempre... O Aqui e o Agora confundem-se sob o mesmo espetro de tempo, compassado, medido e escrutinado e, afinal, fugaz.
Agita-se num violento meneio de cabeça esta poeira descomunal, esperando ver o brilho divino daquilo que é para sempre novo dentro de nós: as coisas, os lugares, quem se ama num sorriso que é inaugural e ingénuo em nós.
Há que viver os momentos, vivê-los sem margem para contá-los. Vivê-los, apenas sem assistir a eles do lado de fora, como se dentro de uma narração pardacenta, de nós para nós, sem a náusea da rotina e do tédio. 
Vale tanto a pena está viagem...



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