Há tantos que já descobriram o verdadeiro tesouro e, esses, andam como loucos em insónia constante, querem fazer cada segundo importante, cada dia memorável. Esta é a angústia de fundo. Estes, vivem mesmo, e sofrem feroz e inutilmente. Sofrem porque pressentem o sentido em tudo, mas não o conhecem. Afinal, não compreendem que conhecer o outro lado do espelho é deixar de se ver a si mesmo. Não compreendem que compreender o sentido é perder o sentido.
Aqueles que dormem, esses, vivem uma quietude estéril. Tudo o que constroem são castelos de cartas e casas de vidro. Eu construo nada, mas morrerei construindo. Eu busco tudo, e no fim, verei que já tudo havia sido encontrado.
Mas ainda desejo. Quero aquele momento, no cimo da montanha, em que contemplo a cidade a que breve chegarei e sinto que estou no lugar certo, à hora certa. Sinto que nasci de novo, depois de morrer muitas vezes.
Sentir que se permanece, apesar de tudo, mas mesmo tudo, é a maior benção.