Quando o homem paciente é posto à prova, quando este homem manso é levado para arena e é zombado, serve de alimento aos animais e de entretenimento às verdadeiras bestas; quando este ser pacífico é manietado, os seus sonhos amordaçados, a sua vida limitada, maltratada; quando a este homem nada o espera senão abuso e indignidade, este homem jamais volta ser homem: é o autómato da sobrevivência.
Quando isto dura tempo e tempo, e a servidão se prolonga numa agonia lenta, é a hora do grito de revolta.
Perante os algozes, nada mais há a perder, tudo está perdido mas tudo pode ser encontrado. É o caminho da revolta e, a vida, é do revoltoso. O prémio é o regresso da vontade que faz milagres, que move montanhas que faz colidir partículas e gerar mundos.
Este é o caminho da paixão e ela é sôfrega. Mas não há hesitações nem medos. Este caminho, do homem revoltado, é do homem que eu amo. Amo um homem que não existe. Amo em mim uma mulher não nascida. E sonho com ela e com ele. Por eles, deixava as cavernas e enfrentava as sombras. Por eles, por estes homens e mulheres que vivem em nós, deveríamos elevar-nos e lutar. Sair à rua. O tempo do homem paciente está a terminar!
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