Uma tristeza antiga como uma sequóia Abraço-a, sinto os seus anéis colidindo no seu interior, 2000 anos de matéria que cresceu lentamente, numa espessura de fio de cabelo que se acrescenta num ano, e que por milagre se vai formando forte e inabalável. Há um conforto nas coisas conhecidas, mesmo que tristes, mesmo que amargas. Há uma terna constância num movimento que se perpetua, na ausência da mudança. É mais fácil ser sequóia do que ser orquídea. É mais fácil ser triste do que ser feliz.
É como a sedução elegante de uma noiva tímida, que não se dá ao primeiro aceno do noivo.
É como um flor que desabrocha tarde, esperando o luar perfeito.
Há nestas coisas um risco, o risco estéril de não o serem: nem a noiva de ser noiva, nem a flor de ser flor.
Há um casamento que não acontece, há uma primavera que não vem. E os desejos que são novos desvanecem-se como um perfume num dia de vento.
É este o restolho da soma dos dias. Uma soma de dias, que não perfaz uma vida.
Um crepúsculo de esperanças que precede um longo e doloroso anoitecer.
Ainda o dia não nasceu em esperança. Ainda não.
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