Um começo, sempre igual, mas mesmo assim um começo. Ocasião para pedir às estrelas que nos concedam mil e um desejos, que nos apaziguem ódios, que acalmem mares tempestuosos de raiva. Um começo para continuar a dizer adeus ao que nos aprisiona e do qual não conseguimos a libertação. Nesta linha de partida, somos corredores de fundo que não esquecem o que foram e já não são, e que recordam aqueles que iniciaram lado a lado e, algures no caminho, ficaram para trás.
Chegamos ao fim de um caminho, para apenas ver que a meta é, na verdade, um novo começo.
Começar, é respirar fundo e recuperar aquele fôlego precioso que seguia já esgotado. Neste ano novo, muitos começarão para serem pais, crianças descerão do sonho e materializar-se.ão em vida. Muitos filhos reencontrarão os pais e, destes, muitos morrerão sós e sem filhos. Muitas famílias degenerar-se-ão em alcateias, lobos esfaimados em tempo de carestia. Neste ano, muitos rebanhos se perderão por não terem o Bom Pastor, dilacerados por uma noite demasiado escura, um frio demasiado branco.
Muitos começarão brevemente a amar e muitos morrerão em ciúme, em solidão ou, pior ainda, sem conhecerem o amor. Vidas suceder-se-ão em catadupa, sem se saber onde começam e onde acabam. A passagem do tempo é sempre uma ilusão.
Muitos dormirão nesta passagem de ano, nesta passagem da vida pelo buraco de uma agulha. Mas, para aqueles que vivem acordados, desejo que encontrem um segundo de calma nesta passagem e, em segredo e no silêncio do seu coração, ouçam o clamor dos desejos dos mundo e a eles juntem uma oração sincera, um sussurro verdadeiro, de amor, de esperança, de coisas boas e puras. Algures, no ruído de fundo do Universo, seremos ouvidos.
É esta a minha prece, para todos.
Bom Ano de 2013