domingo, 2 de dezembro de 2012

Daydreamer a tempo parcial

Eu sou uma daydreamer. Digo isto com pesar, com tristeza, porque os daydreamers não tem lugar no mundo. Atrasam a resolução de um qualquer assunto. Matam o tempo num sorriso idiota que só para si faz sentido. Só eles ouvem a música das esferas, só eles vêem aquele raio de sol que bateu em cheio na gota de chuva sob as rosas, só eles constroem abrigos de palha, pelo prazer de vê-los voar ao sabor do vento, filamentos dourados que se volatilizam no espaço, a louca alegria das tarefas inúteis. Só os sonhadores diurnos conhecem o contentamento secreto de se ser ridículo, de rir sem motivo, de fazer caretas ao espelho.

Os daydreamers experimentam a alegria de se ser quem é, mesmo que num palco interior que ninguém vê, mesmo que inventando aplausos. Sonham de dia, porque a noite é demasiado curta e pesada para sonhar com castelos de cartas e bailarinas indecisas no topo do mundo, sob um fio de seda. Sonhar é ser corajosa, é ousar acreditar em finais felizes. Sonhamos para enganar a realidade? Ou para tornar o regresso a ela mais suportável, mais real, e...mais doloroso. Mas com o eco de uma realidade alternativa, em que é possível ser-se feliz e inteiro.





1 comentário:

  1. Mais um texto muito bonito e este muito perceptível. Acho que nunca devemos parar de sonhar porque, como Gedeão dizia é ele que comanda a vida... e isso é tão bom...Beijinhos

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