sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O Lobo


É assim que me sinto. Como se alguém tivesse olhado para a minha alma e em seguida desenhado em papel e lápis o que havia visto.  Um ser pequeno, em corpo e alma, que segura com mão suada e gasta, num aperto desesperado, um fio que prende um grande lobo. Os meus medos num balão em forma de lobo, leve e etéreo, pressionando suavemente para ser libertado. Por agora, seguro-me aos meus medos e inseguranças, pela secreta ilusão de controlo, através de um fino cordel, ao qual dou apenas a folga necessária para o ver saborear a brisa. Curioso, não penso que são apenas medos, são também os meus sonhos. Sonhos que podem também ser feras devoradoras e traiçoeiras, de olhos vermelhos de sangue e de dor. Ergo-me vacilante do alto da minha pequenez vermelha, elevando quase com ternura e desvelo este balão, quase suspirando ser leve como a brisa e com ele sair voando, desvanecer em esperança sem nunca aterrar. Medos e sonhos, para mim, medos e sonhos é tudo o que seguro. Esperando, que aqui, na superfície lunar onde me encontro, este balão não tenha desenvolvido carne e olhos e sangue, ao invés de ar, e esteja à espreita na minha porta. Receio na mesma medida, sonhos e medos feitos realidade.

I keep the wolf from the door
But he calls me up
Calls me on the phone
Tells me all the ways that he's gonna mess me up
Steal all my children
If I don't pay the ransom
But I'll never see 'em again 

If I squeal to the cops (Thom York)


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