quarta-feira, 13 de março de 2013

As andorinhas de Rafael



Estas andorinhas em voo ascendente, a sua doce pequenez, terna fragilidade, a sua dualidade em branco preto, em duas faces que se namoram num voo elegante, a sua trajectória familiar, sempre de regresso, ou de partida, para Casa, uma qualquer terra que seja sua, onde mora a sua memória. Memória de pássaro,  cuja bússola segue o norte do seu coração. Pequenino, descompassado, efémero. 
Quantas vezes, quantos de nós, se detiveram numa janela, admirando o seu cuidado, a sua tenacidade sem quebranto. Quantos de nós desejava esta sazonalidade de sentidos, voar até onde quer que estivesse o calor, o nosso coração mais seguro, o nosso amor sob as nossas asas. Andorinhas de um anjo, em louça, em vidro que se parte, que se cola à parede, imitação de vida que se torna recordação das asas que queremos ter, para voar, mas sempre e sobretudo, para Voltar; a Casa, ao que é conhecido, ao que se ama, ao que é nosso...


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