Caminhar, um impulso nervoso que viaja à boleia da luz, na vertigem electromagnética das estradas resplandescentes deste corpo. Músculos poderosos, largos como esta coxa enrijecida que projecta esta perna para a frente, este pé, que se prepara inexoravelmente para calcar a terra. E dar um passo, e outro, e a estrada se desmaia pé ante pé perante a sombra que nela se derrama. E nada parece tão simples. E nada é tão difícil como dar este passo, e outro, e continuar.
E vou e caminho, não sei se sou um corpo, se vivo, se sou cadáver em trânsito. Porque existe um embotamento que me permite viver para os outros e ser um nada para mim. Caminho e caminho, mas dentro de mim não vivo.
Este é um regresso a casa pelo caminho mais longo. É conhecer a meta vagamente, é tentar que esta não se perca na poeira dos dias, é agarrar-se à Casa que deixámos há tanto e tanto tempo, mesmo que a sua lembrança seja já ténue e frágil. O maior dos medos é não se regressar a nada. É esquecer o que fomos, a vertigem de se ser o que se é, não importa o sofrimento que assim se experimenta, e se causa.
Medo...o controverso. É ele que nos faz correr e caminhar, mas também é ele que nos impede muitas vezes de prosseguirmos em frente... no teu caso o medo deve-te fazer caminhar em frente apesar da expectativa que possa estar inerente á situação.
ResponderEliminarBeijinhos e muito boa escolha musical (aconselhamento meu?!)- Ben Howard, grande revelação.
Minha friend, foi uma espetacular escolha musical, vou comprar o álbum :) uma bjoca e obrigada por partilhares :)
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