domingo, 27 de fevereiro de 2011

Indifference

http://www.youtube.com/watch?v=BgQ4hT04eTo

O Tédio

Já Fernando Pessoa falava deste tédio de si. Tédio de mim é que me convulsiona de momento. Tédio de viver, de respirar, tédio que por vezes é angústia que me sufoca. Numa vida de automatismos, pensar é a verdadeira maravilha, o íntimo prazer, a alegria estéril e pontual. Que solidão, Deus meu!
A insanidade revestida de hipocrisia social é o meu lema (auto?) imposto.

Cada um só pode ser ele mesmo, inteiramente, apenas pelo tempo em que estiver sozinho. Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre.

Arthur Schopenhauer

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Acerca das diferenças

Confesso que me causa alguma aversão o pudor ao estereótipo. Estereotipar é um passo antropológico importante, na longa caminhada evolutiva do homem (e, se quisermos ser sinceros, sobretudo da mulher). Generalizar e agrupar é fundamental à vida em sociedade, o padrão é a norma que determina a sanidade mental e a coesão grupal. Identificar características, agrupar, ordenar, seleccionar, excluir, é mecanismo natural, próprio e vital. Porque investir tanta energia no não esteriótipo, na não generalização, quando o facto é tão natural como o respirar. Meus amigos, a verdade crua é que NÃO SOMOS TODOS IGUAIS. Atrevo-me a dizer que uns são verdadeiramente piores ou melhores do que os outros. É pela diferença, não apenas pela sua existência, mas sobretudo pelo significado que a ela atribuímos, que concretizamos o sentimento de pertença, do que é próprio e não próprio, uma necessidade humana básica. Podemos gastar todo o tempo útil da nossa vida a especular o motivo do meu quinhão de (in) felicidade é diferente do outro, mas desejável é fazermos o melhor com o que temos e, paradoxalmente a todo este meu discurso, tender a acção para a utopia de nos tornarmos todos iguais, estender a mão ao outro, oscilar entre o impulso solidário e a íntima certeza que o outro não é como nós, nunca será bem parte de nós, porque o outro é o OUTRO.  A menos que se trate da alma gémea, se for esse o caso esqueçam tudo o que disse!
Viva o estériótipo, mas não digam nada a ninguém!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Absolutamente etéreo...

Nascituro

Anos de adultez precoce conduziram-me a uma certeza última: a vida é uma luta, na qual as perdas são incomensuravelmente superior às vitórias, e mesmo as Vitórias são-no com um travo bittersweet, nunca é o que esperas, nunca como sonhaste, tudo fica aquém. A vida não tem objectivo último de felicidade, porque esse é um não objectivo. Esse é um horizonte, um horizonte a que nunca se chega. Uma quimera, uma verdadeira quimera, um santo Graal. Emerges do útero para a aprender. Ora e quais são as condições ideais para aprender? Um dado novo, adquirido às expensas de grande labor emocional, de grandes perdas, de encaixes em sistemas interiores há muitos estabelecidos, uma intempérie de sentidos e de desenraizamentos.
A felicidade é uma quimera que tende a mimetizar estados intermédios, em que o pobre ser que se ergue em duas patas submerge-se na ilusão de que estados imutáveis são garantes de felicidade. Que felicidade? Aquela que emana das coisas? Emana do Ter, do Possuir, do Manipular. Estado intermédio que proporciona sensação very cosy, comprada a troco de uma imbecilidade permanente, a uma cristalização do imo humano e do ímpeto primordial de arriscar, de sofrer, de gritar de...VIVER. Já dizia Vargas Llosa, esses não vivem, são mortos-vivos...não dançam quando dançam, não amam quando amam...
A vida é dor. A dor aprimora aquele que se submete e que, paradoxalmente, luta. A verdadeira felicidade é uma dor que dilacera, que grita ela mesma, uma dor pelos desastres acumulados, pelas perdas, pelos destroços de Ser que se dispersam no tempo, uma dor redimida pelo assombro perante uma reviravolta da vida, por um momento em que, esmagados  pela Vida, vislumbramos a esperança, o orgulho pois tudo está no sítio certo, na hora certa. Tudo está perfeito.

Façam o luto da Felicidade. A aventura da vida é uma permanente angústia...e momentos de absoluta Glória.