segunda-feira, 21 de março de 2011

As fronteiras da internalidade

O ser inteligente é potencialmente um ser em angústia permanente. A inteligência acarreta uma noção intensa de realidade, do facto do único sentimento tangível ser a dor. Uma dor que culmina num parto de lampejos de felicidade, de perdão, de raiva, de tudo. A dor é a mãe de tudo.

Louco é aquele que vive acordado neste mundo. E ser inteligente é um estado de insónia. O que salva o inteligente da alienação? A Fé.  A esperança. O amor, sempre limitado a um acontecimento raro.

Para já, resta-me a Fé. E a esperança, por vezes, só mesmo a esperança.

7 comentários:

  1. O que salva o inteligente da alienação?
    Não é a alienação a salvação do ser inteligente? Da sua (e não só) realidade da vida? da própria existência?
    Não será a alienação a salvação da fé? da esperança? do amor?

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  2. A alienação não é uma fuga da realidade, a alienação do ser inteligente é conhecer a verdadeira natureza da realidade. O ser inteligente angustia-se com esse conhecimento. Não falo da alienação como uma solidão física, mas intelectual (embora muitas vezes uma implique a outra, a menos que se viva multifragmentado).
    O amor, a fé e a esperança reconcilia o ser inteligente porque dá um sentido à verdadeira realidade...torna-a suportável ou a engrandece.

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  3. E se não existir fé? ou o amor acaba? (se já existiu) e se a esperança tiver sido perdida?...eventualmente tudo isto....
    Na será a alienação o último e derradeiro escape?

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  4. Nesse caso não será um escape será uma condenação...O indivíduo verdadeiramente alienado sem as redes da Fé do Amor e da Esperança , torna-se não funcional em sociedade e a pena é a reclusão, a solidão e possivelmente a morte prematura...

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  5. Possivelmente...até desejada!
    Mas de certa maneira, pelo menos em muitos períodos da vida não é preferível a reclusão e a solidão? e a fé é algo muito abrangente, tem muito que se lhe diga! Fé em quem? no quê? quando? porquê?

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  6. A solidão a que me refiro "é um estar só entre a gente", não é uma solidão revoltada nem auto-imposta como forma de cura ou penitência...é uma solidão intelectual e espiritual, que se reflecte de uma forma íntima ou nas poucas situações em que nos permitimos deixar de lado a hipocrisia e sermos nós próprios...

    Sobre a Fé, tem realmente muito que se lhe diga. E para mim é inabalável, é o meu tesouro mais precioso e mais posto à prova, escreverei sobre ela noutro post, se me permites.

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  7. Eu compreendo! O estar só entre a gente, é o estar só entre pares, amigos, até família!
    Independentemente do estatuto social, formação, profissão,a maioria "apenas existe" e como escreveu, às vezes sentimo-nos como disse, mas ao contrário de si, penso que a "nossa" reclusão é auto imposta, não que isto seja negativo...no meu entender... é claro. De certa maneira a reclusão de que falamos é o nosso mundo!

    Quanto à Fé, sim podemos é claro que podemos trocar pontos de vista e expressão livremente a nossa opinião!

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