quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sísifo: Ensaio sobre a perseverança

De entre todos os mitos da antiguidade aquele que mais gosto é o mito de Sísifo. A minha interpretação vai além da leitura de futilidade que surge a ele associado. Há algo de comoventemente humano e terno em Sísifo. Já muitas vezes falei dele, de como é uma gigantesca metáfora do que sinto, de como me vejo no palco maior da vida. Identifico-me com o papel de montanhista incansável, ou pelo menos refém de uma sentença vital para perseverar eternamente, não importa como, inexorável o destino de chegar ao cimo para ver que afinal há que recomeçar uma e outra vez. Talvez a única coisa que substituiria seria o meu troféu condenado. Ao invés de uma pedra, sinto que o meu alter ego Sísifo empurra o meu coração de cristal encosta a cima. O verdadeiro suplício não é suportar o seu peso e elevá-lo acima de todas a leis da física, acima da capacidade do meu corpo, acima da teimosia da minha alma. O verdadeiro desafio, é orientar este coração frágil e vulnerável, sem que se parta, sem que se conspurque nesta terra arenosa, instável e agreste, mas com atrito suficiente para que, neste solo inóspito, o mais belo cristal seja lapidado...



Sísifo foi condenado para todo o sempre a empurrar uma pedra até ao cimo de um monte, caindo a pedra invariavelmente da montanha sempre que o topo era atingido. Este processo seria sempre repetido até à eternidade.

Mito de Sísifo. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-09-20].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$mito-de-sisifo>.

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