sexta-feira, 9 de maio de 2014

O lobo das estepes

Olha com atenção, é um lobo das estepes.
Destemido, com tempestades no coração.

Por vezes, ergue-se do alto da sua coragem cega e morde o céu.
Rasga o seu véu azul e
Pedaços de nuvens desataram a cair, como neve gélida e pura, que deliciosamente pousam na pele, e derretem algum tempo depois.

É um lobo casmurro de pêlo áspero e de pele frágil.
Caminha na estepe gelada, secretamente a suspirar o sol.

Ao lobo das estepes não lhe conhecem os segredos. Nem ele os sabe.
Caminha cinzento por entre as árvores. 

Por vezes, olha para o alto, para as estrelas.
E, por entre nebulosas antigas a morrer,
Ele vê a ordem que precede ao caos. As suas cores impossíveis, desenhando-se no breu ancestral.
E fica um pouco triste, um pouco assombrado.
Uma felicidade pequenina instala-se no seu coração de garras. 
Ele vê minúsculos milagres e acredita.
Ainda é possível ser-se feliz. Mesmo nas estepes. Mesmo sendo um lobo.